O PARQUE AMAZONENSE DE ANTIGAMENTE

O ELITIZADO PRADO AMAZONENSE

Ao longo desses 6 anos, percebi com clareza a necessidade dos exploradores, em transformar a capital indígena em um local de luxo e requinte. Era uma necessidade deles obviamente.

Principalmente com as mudanças de governo no Brasil e a busca por modernização, padronização dos centros urbanos para ficarem idênticos aos europeus e assim sucessivamente.

Em Manaus, o lugar para o lazer desportivo mais sofisticado na primeira década de 1900, foi o Prado Amazonense.

Você encontraria a elite do Amazonas em 4 espaços principais:

Teatro Amazonas

Ideal Club

Cine Odeon

Prado Amazonenese

Espaços constituídos por excelência como locais de sociabilidade da elite gomífera.

Em 1905 começa a veicular pelas folhas dos jornais a informação que se pretendia fundar um prado em Manaus. Este já contava com um projeto de estatutos.

Os responsáveis pela obra eram Luiz Travassos da Rosa, que era coronel e contador-tesoureiro. Tinha uma firma chamada “Travassos e Maranhão”, ao lado de seu sócio José Albuquerque Maranhão, que era o antigo proprietário do Velódromo Amazonense e também coronel.

Juntos firmaram grandes negócios, inclusive na área de Serviços Elétricos de Viação e Luz do Estado.

O Prado Amazonenese foi inaugurado em 1906, mas foi inaugurado com muitas denúncias de desvios de verbas do dinheiro público. Os jornais da época reclamavam o financiamento do empreendimento particular, que curiosamente tinha nada mais e nada menos que senhor senador Silvério Nery como diretor do estabelecimento.

Alguém surpreso com o passado

A corrida inaugural foi realizada em 21 de outubro de 1906, cujo ano se realizaram mais cinco corridas, com distribuição de prêmios na ordem de pouco mais de 26 contos.

Os prêmios em dinheiro causavam muitas brigas entre corredores, apostadores e espectadores que não apostavam nada, mas iam ao local assistir as corridas.

A briga era de tirar sangue, baixar polícia e juras de morte.

Alguns jóqueis começaram a ganhar fama, fazer escola, disputar prêmios repetidas vezes, sendo dos mais destacados Oscar Von Hoonholtz, João Dias Pereira, Oscar Dias, Ermelindo Rocha, José Martins, Raimundo Castro, Miguel Correa, Antonio Vasconcellos, José Mendes, Martiniano, Antonio Raquel, Antônio de França José Florêncio, Anselmo Rodrigues, Henrique Peixoto, Honorato Araújo.

O Prado Amazonense foi erguido no bairro da Preguiça, atualmente Beco do Macedo em Manaus nos dias atuais.

O lugar era lindo, com arquibancadas modernas e facilitado acesso.

Nas fotos vocês irão ver homens e somente homens sempre bem-vestidos com suas roupas de linho branco, chapéu e bengalas (inclusive a bengala era de uso proposital).

Você não verá mulheres nas fotos, somente homens.

Infelizmente não temos fotos das corridas de cavalos.

De cavalo teremos somente uma fotografia, que eu acredito ser o retrato aleatório de um corredor sendo comercializado em um café da cidade, pois em 1908 mudou a diretoria do Prado, e a mudança fez com que as negociações ocorressem principalmente no Café dos Terríveis.

Nessa época houve uma queda de espectadores, pois os duvidosos resultados das corridas irritavam e frustravam o publico e por tudo isso, muitos cavalos foram vendidos em Manaus e fora de Manaus.

No final do ano de 1909 o Prado Amazonense foi arrendado por uma associação esportiva, o Derby Club.

O novo club foi oficializado no dia 13 de dezembro de 1909, tinha estatutos próprios, um presidente, um vice-presidente, um secretário, um tesoureiro e um orador.

Os jornais aclamavam o club como a “reanimadora” do turfe em Manaus.

O Derby Club procurava trazer novidades, pois apenas as corridas de cavalo e as apostas, pareciam não ser suficiente para voltar a atrair o público. Sendo assim, as homenagens seriam recorrentes, páreos de corrida a pé e o tiro ao alvo seriam incluídos as programações das corridas.

O Derby Club mudou o nome do Prado Amazonense para Prado São João um mês depois, e então o local passou a chamar-se Prado de São João.

Além de modificar o nome, o Derby Club trouxe uma grande e maravilhosa novidade: Mulheres.

A partir da segunda corrida organizada pelo Club Derby, uma nova atração foi anunciada. Era o tiro ao alvo entre mulheres.

O clube concedia a presença feminina não apenas nas arquibancadas, mas participando ativamente, sendo o centro das atenções.

Nele as senhoras e senhoritas seriam posicionadas a cinco passos de distância do alvo e portando uma carabina “Winchester” calibre 22, automática, teriam cinco disparos para acertar o alvo. A que tivesse a maior pontuação ganharia um prêmio.

Se eu tivesse nascido nessa época, provavelmente eu estaria por lá dando meus tiros com a Winchester 22. (risos)

Além disso, sorteio de brinde para as crianças começavam a fazer parte das corridas. Ao sortear o brinde das mulheres era feito o sorteio de um brinquedo para as crianças.

Muitos esportes eram praticados, mas além disso o clube organizava homenagens aos políticos, homenagens a personalidades influentes, som ao vivo com bandas de música e passeios de bondes.

Tudo que estava ao alcance do Derby Club foi feito para reerguer o Prado Amazonense, mas os escândalos das administrações passadas, roubos, desvios, fraudes, violência, o bombardeio, as dificuldades financeiras, tudo isso fez com em 1911 o Prado Amazonense fechasse as portas.

Apos isso tornou-se o nosso famoso Parque Amazonense, mas somente 7 anos depois dos traumas economicos.

O Parque Amazonense foi inaugurado em 1918 substituindo o antigo Hipódromo de Manáos (1906).
Na inauguração do Parque Amazonense foi disputado um "match de foot ball" entre o Combinado Paraense (constituído dos melhores jogadores do Paysandú, Remo e Brazil Sport..

O primeiro jogo inaugural ocorreu no dia 19/05/1918.

As fotos abaixo mostra somente a evolução do Parque Amazonense e depois a sua destruição.

O pórtico foi tudo o que restou dele.

Vista a partir do Portão em 2010

 \Entrada em 2012

 Início das obras em 2013 e ao fundo o portão de entrada 

Em 1980

Em 1980

em 2009 

Em 2001

O Parque Amazonense foi o primeiro estádio de futebol do Amazonas, uma das praças de esportes mais tradicionais de Manaus e com ele segue a grande parte da memória do nosso futebol, já que o Parque foi palco de grandes espetáculos do campeonato de futebol do amazonas, quando ainda era amador desde 1918. Fundado em 1906, a princípio como hipódromo e, seis anos depois, para receber o que viria ser o esporte mais popular do País, o Parque Amazonense há 41 anos deixou de ser utilizado pelos clubes profissionais. Sua última partida oficial foi entre Rio Negro e o extinto Rodoviário (vitória do Galo por 3 a 1), no dia 8 de julho de 1973. Desde então, o abandono da área passou a ser cobrado pela população, sem que o Poder Público tomasse uma providência. Este estádio de futebol, na década de 60, passou um tempo arrendado, para o América Futebol Clube dos irmãos, Artur e Amadeu Teixeira, até depois da inauguração do Estádio Vivaldo Lima, e seu ultimo jogo, oficialmente válido, pelo campeonato Amazonense foi no dia 08 de julho de 1973, entre Rio Negro e Rodoviária. E onde a bola rolava livre, de pé em pé, até a alegria do gol, agora vai ser uma delegacia. No lugar, funcionará o 22° DIP, no apoio ao Projeto Ronda nos Bairros, e atenderá parte da zona centro sul. Uma equipe da SEINFRA esteve, no local, fazendo medições para começar ainda essa semana a construção. A empresa que ganhou a licitação foi a POLITRADE, e a entrega, se correr tudo como manda o figurino, será em setembro de 2013.

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