QUEM CONTRABANDEOU A
BORRACHA DA AMAZÔNIA?
Ao trocar um pneu de carro ou vestir uma capa de chuva,
estamos lidando com alguns dos mais de 50 mil derivados da borracha,
matéria-prima absolutamente indispensável na cadeia produtiva de quase todos os
setores econômicos. Para atingir esse sucesso, iniciado na esteira da revolução
industrial, a borracha trilhou percursos tortuosos. Há pouco mais de cem anos,
o monopólio da produção concentrava-se na Amazônia, região responsável por
fornecer quase 100% da demanda global na época – principalmente para os países
industrializados que, por sua vez, buscavam uma maneira de neutralizar esse
domínio. Até que um belo dia, alguém carrega sementes da seringueira para outro
país e o monopólio brasileiro chega ao fim! Mas você sabe quem foi o ator
principal desse contrabando? O nome dele é Henry
Wickham.
Wickham teve papel ativo nessa história. Ele foi responsável
pelo contrabando de 70 mil sementes de seringueiras, parte das quais seriam
plantadas com êxito no Jardim Botânico Real de Londres (Kew Gardens) e depois
transferidas, em mudas, para as colônias britânicas no Sudeste asiático.
Henry Alexander Wickham nasceu em 1846, ao norte de Londres. Aos 20 anos,
viajou para a Nicarágua à procura de plumas para fornecer à chapelaria de sua
mãe. Foi a primeira viagem de muitas que faria à América Latina, anotando em um
diário suas impressões sobre a região. Nesse diário, ele já levantava a
possibilidade de um empreendimento borracheiro. O império britânico estava em
expansão: o reinado da rainha Vitória (1837-1901) estabeleceu uma política de
crescimento econômico, colonização e aumento da presença militar em seus
domínios. Esse cenário representava, para Wickham e outros cidadãos ingleses,
uma crescente chance de almejar fama e fortuna em empreendimentos e
descobertas, com ou sem o aval do governo britânico. No final do
século XIX, a Amazônia mal sabia que a festa da borracha estava chegando ao
fim. Manaus usufruía de uma vida de dar inveja até aos europeus que gozavam seu
período Belle Époque. A opulência de Manaus ostentava o Teatro Amazonas,
calçadas alinhadas, parques chiques, bonde elétrico e outros apetrechos
semelhantes aos das cidades européias. Os barões da borracha tinham vida
tão luxuosa que mandavam suas roupas para a Europa a fim de serem lavadas.
Graças as 70 mil sementes traficadas por Wickham, as colônias britânicas da Ásia em pouco tempo teriam suas plantações. E em 1919 seriam responsáveis por 95% da demanda global de borracha. A Amazônia não teve fôlego para enfrentar a competição.
Graças as 70 mil sementes traficadas por Wickham, as colônias britânicas da Ásia em pouco tempo teriam suas plantações. E em 1919 seriam responsáveis por 95% da demanda global de borracha. A Amazônia não teve fôlego para enfrentar a competição.
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